Fábio Almeida
Nobres amigos,
Depois da "garfada" que sofremos no último domingo na final do Campeonato Mineiro contra o Cruzeiro, vale a pena relembrar um dos maiores assaltos da história do futebol brasileiro.
Trata-se do jogo desempate entre Atlético x Flamengo, pela 1 Fase da Copa Libertadores da América, realizado no dia 22 de agosto de 1981.
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Ontem 13 de abril vimos o Galo ser vítima de mais um erro grotesco de arbitragem. Um pênalti marcado foi invalidado por um apontamento de impedimento que não houve. Mas o que ocorreu ontem ainda podemos chamar de erro ou equivoco, mas o lendário jogo desempate da Copa Libertadores de 1981, não há explicação.
O time mais garfado da história do futebol mundial. Em pé: João Leite, Orlando, Osmar, Alexandre, Cerezo e Jorge Valença; Agachados: Vaguinho, Chicão, Reinaldo, Palhinha e Éder |
Em 81, mais precisamente em 22 de agosto Atlético sofreu a maior armação do que se tem notícia do futebol. Foi o Jogo desempate do grupo 3 da Copa Libertadores de 1981.
Wright intimida Palhinha |
Depois da vergonhosa decisão do Campeonato Brasileiro de 1980, Atlético e Flamengo voltaram a se encontrar na Copa Libertadores de 1981. E que o Galo temia aconteceu novamente, uma armação do Flamengo, agora de uma maneira mais descarada. O Grupo 3 da Taça Libertadores 81 foi marcado pelo equilíbrio entre Atlético e Flamengo.
O Juiz amarela Cerezo |
As duas equipes terminaram empatadas em primeiro lugar cada uma com 8 pontos ganhos em 6 partidas. Como o regulamento da competição previa que somente o campeão de cada chave passaria a segunda fase, foi necessário a realização de um jogo de desempate em um campo neutro.
Havia um grande clima de tensão, pois os atleticanos ainda tinham na memória a decisão do Brasileirão de 1980, quando Jose de Assis Aragão teve uma arbitragem muito tendenciosa ao Flamengo. Depois de muitas negociações, a cidade de Goiânia foi escolhida para sediar o jogo.
Éder é expulso |
Tudo era neutro, campo, torcida, cidade mas o juiz não José Roberto Wright. O Sr Wright foi escolhido pois na época apitava pela Federação Catarinense apesar de residir na capital fluminense e ter feito no estado do Rio de Janeiro toda sua carreira como juiz de Futebol.
Após sua expulsáo Éder faz o sinal que é universal: ROUBO! |
As desconfianças aumentaram quando o Sr. Wright chegou em Goiânia no mesmo avião vindo do Rio de Janeiro, junto com a delegação carioca. Fato estranho, mas que pode ser considerado normal uma vez que ele, Jose Roberto Wrigth residia no Rio e o vôo do Rio de Janeiro para Goiânia era o único que unia as duas capitais.
Wright ironiza Cerezo |
Aliás, neste mesmo vôo levou a delegação atleticana na escala feita em Belo Horizonte. Mas alguns jogadores entrevistados na época e o falecido jornalista da Rádio Itatiaia Oswaldo Faria na época declarou: `Foi muito estranho quando eu e outros jornalistas mineiros entramos no avião e vimos o Jose Roberto Wright sentado em uma poltrona junto do então presidente da Federação Carioca de Futebol e rodeado pelos jogadores do Flamengo.` Foi outra surpresa quando o SR Wright ficou no mesmo hotel que os flamenguistas. Aí sim, os dirigentes do Galo já ficaram desconfiados.
Confusão no Gramado do Serra Dourada |
O que era desconfiança se confirmou logo aos 32 minutos do primeiros tempo. Em uma jogada no meio campo, Reinaldo faz falta normal em Zico e imediatamente Wright mostrou o cartão vermelho para o Rei. O quê que isso? O quê eu fiz? Perguntava o Rei sem demonstrar nenhuma atitude de desrespeito.
Com tudo a favor os flamenguistas riam do malogro atleticano |
Na tv, Telê Santana um severo crítico do ante-futebol dizia:
"Uma falta que a gente está acostumado a ver no futebol brasileiro – proclamava Telê, severo nas suas análises sobre a violência no futebol."
Reinaldo observa tudo de fora perplexo |
"Eu achei que José Roberto está mais nervoso que os jogadores, quando devia ser o homem com mais credibilidade em campo"
Na tv, o ex-técnico da Seleção Brasileira de 1970 Zagalo também comentava a atuação de José Roberto:
"O juiz fez uma palhaçada que não tem condições.... Aquilo ali não está escrito.... Aquilo ali não tem condição!"
Logo depois foi a vez de Éder, que ao receber uma falta pegou a bola e disse: "Agora eu vou acertar na porra desse gol" e agachado colocando a bola para a cobrança da falta não viu o juiz se aproximar. Acabou que os dois acidentalmente se esbarram. Imediatamente ganhou o cartão vermelho do juiz.
Enquanto houve jogo náo saiu gol |
Daí pra frente o serviço já estava feito, o Galo com 9 jogadores em campo seria facilmente vencido pelo Flamengo. O técnico do GALO, Carlos Alberto Silva colocou o time com uma armação claramente defensiva e mesmo com a ajuda do juiz(que em 36 minutos de jogo distribuiu 4 cartões amarelos para os jogadores do GALO, isso fora os 2 cartões vermelhos) o Flamengo não conseguiu marcar seu golzinho.
Vendo que a armação ainda não fazia efeito, Wright deu o golpe derradeiro; expulsou Palhinha e Chicão aos 37 minutos do primeiro tempo. Aí não deu para segurar a revolta atleticana. Os dirigentes do GALO entraram em campo. Polícia, Fotógrafos, cinegrafistas todo mundo em campo, uma confusão generalizada.
O jogo é paralisado. Nessa hora o "Juiz" expulsa todo o banco de reservas da equipe mineira, jogadores, técnico, comissão técnica e diretoria. Os dirigentes de Minas queriam retirar os seus jogadores de campo. Mas essa atitude não foi tomada, e o jogo recomeçou antes dos 30 minutos legais de paralisação.
Palhinha, um atleta muito polido que raramente foi expulso em quase 20 anos de futebol, ao explicar sua expulsão disse:
"Ele havia acabado de expulsar o Chicão sem motivo algum aparente. Aproximei-me e perguntei-lhe a razão da atitude. Disse-me que o Chicão o havia ofendido. Insisti em que nada ouvira de Chicão a seu respeito. Sua resposta foi me mostrar o cartão vermelho."
No reinicio, um zagueiro do Flamengo faz uma falta desclassificante em Alexandre. O Narrador da partida pela Rede Globo, Luciano do Vale imediatamente fala: "Agora vai ter que expulsar também! Tem que expulsar!", em campo o Sr Wright manda o jogo seguir, sem sequer marcar falta. Após 3 minutos o goleiro atleticano João Leite cai ao chão e pede ajuda médica. Talvez fosse uma contusão grave, e pedia atendimento médico.
Com toda comissão técnica expulsa o Galo não tinha médico e nem massagista para socorrê-lo. José Roberto Wright manda o jogo recomeçar mesmo com o goleiro caído. Aí o zagueiro Osmar pegou a bola e negou-se a entregá-la ao juiz que o expulsou e encerrou a partida, pois com 6 jogadores em campo o Atlético não reunia o número mínimo de jogadores para continuar o jogo.
O jornalista João Saldanha declarou logo após a partida:
"Na expectativa de ver Reinaldo, Zico, Cerezo, o Éder e outros grandes cobras do futebol brasileiro e mundial, uma multidão lotou completamente o Serra Dourada e acabou vendo essa grande vergonha do nosso futebol. O jogo acabou transformando-se num dos maiores assaltos de que se tem notícia nos últimos tempos. Foi um assalto organizado."
Abaixo os principais lances do ASSALTO:
Abaixo os principais lances do ASSALTO:
Atlético 0x0 Flamengo
Local Estádio Serra Dourada
Publico 71527 pagantes
Árbitro José Roberto Wright RJ(SC)
Expulsões: Reinaldo, Éder, Chicão, Palhinha e Osmar Guarneli
Atlético: João Leite, Orlando, Osmar Guarnelli, Alexandre e Jorge Valença
(macos Vinicius), Chicão, Toninho Cerezo, Palhinha, Vaguinho(Fernando Roberto)
Reinaldo e Éder tec: Carlos Alberto Silva
Flamengo: Raul, Leandro(Carlos Alberto), Figueiredo, Mozer e Junior
Leandro, Adilio e Zico. Tita, Nunes e Baroninho(Chiquinho) Tec Paulo César Carpegiani
Esta é a ficha do jogo que contém vários erros
Durante a partida, o juiz expulsou todos os suplentes do Atlético, mas não escreveu isso na súmula.
Fotos e fontes: Revista PLACAR 589 e Jornal O ESTADO DE MINAS
A única coisa que mudou de lá pra cá é que os manipuladores hoje são um pouco mais cautelosos. Só um pouco, como se vê pelos tantos campeonatos estaduais e nacionais decididos no apito nos últimos anos.
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